sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Poesia Caxiense - Parte 2 * Antonio Cabral Filho - RJ

VIAGEM PELA POESIA
1940-1990
Série Memória Viva Vol I
Secretaria Municipal de Cultura
Prefeitura Municipal de Duque de Caxias
PMDC 1992
*
São 99 autores, elencados pelo gigante Francisco Barboza Leite. Juro que eu gostaria de publicar cada um deles, nome por nome, porque merecem, mas o problema está em mim, e preciso ser urgente, dar-lhes uma amostra da poesia fluminense e trazer-lhes mais uma vez este município riquíssimo de poetas e escritores de todas as estirpes.

1 - Barboza Leite

CONVALESCÊNCIA

A poesia chega na carícia
que a folhagem nova
recebe da neblina.

Nas folhas que se agitam
parece que um sorriso
de repente se acende
entre lábios insensíveis.

A alma, por que não,
como flor coberta de orvalho
desperta de um sono
onde estava submersa.

É acalanto, aconchego
esboçando-se nas plumas
de uma brisa que traz
alegria a um enfermo.

Dispõe-se o punho a escrever
inserindo na lauda branca
um remanso de apelos,
súbitas borboletas inventando.
*
2 - Solano Trindade

EPIGRAMAS CAXIENSES
I
A cidade onde eu moro
é como o mundo
tem criminosos e santos
Há os que exploram
e há os explorados
Quando o mundo mudar
a cidade onde eu moro
mudará também...
II
Choveu
e as águas levaram a sujeira de minha rua
as plantas ontem secas e tristes
amanheceram alegres e vivas
e eu acreditei e fiquei tão tranquilo
que não olhei para os jornais
tão cheios dos crimes do dia...
III
O barbeiro de minha rua
toca a sua flauta
enquanto espera freguês
e de sua flauta
saem melodiosas canções
A sua cabeça está embranquecida
mas o seu olhar é vivo
e tem no rosto uma alegria de jovem
Quando chega um freguês 
ele guarda a sua flauta
e começa a falar 
de coisas da vida
quando o freguês se retira
ele apanha a sua flauta
e toca bonitas canções...
*

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